quarta-feira, 9 de abril de 2014

Ele

Senti um enorme peso no meu coração, como se estivesse a suportar toneladas de tijolos em cima do peito. Queimava me a face as correntes de água que nela jorravam. A audição foi perdida durante alguns segundos. O meu corpo estremeceu, um calafrio passou na minha nuca e quase me derrubou. O que me doeu mais foi ele ter concordado com ela. Eles me traíram e ainda disfarçam esse nome como “amar”. Nenhum deles sentia nada um por outro, tudo era uma atracção tísica sem qualquer sentimento interior. Jamais deixaria que um deles me enganasse assim. Eu não iria ceder. Eles não iam ficar juntos. Não podem.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Duas semanas antes

A minha alma gémea enganou me este tempo todo! A minha melhor amiga! A quem sempre contei tudo foi capaz de me fazer sofrer tanto desnecessariamente. Ela poderia ter desfeito aquele sentimento de possessão por ele. Ele não lhe dizia nada. Era a mim que ele queria, e sempre quis. Era apenas inveja sua querer o que me pertence. A nossa amizade não poderia mais continuar. As minhas lágrimas jamais correriam por ela. O meu coração nunca mais aceleraria com um sorriso seu. Os raios de sol aqueceram me a face e fizeram me semicerrar os olhos. Ardia tanto ainda. E continuavam inchados. Foi a ultima vez que chorava por ela. Hoje será o seu último dia como amiga. A minha fiel tinha me traído. Aquele sentimento que ela dizia sentir por ele era mera ilusão sua. Pura ironia a dela dizer que o vai fazer feliz como nunca. Os meus punhos cerraram quando ela disse “ele”, não me lembrou como tudo aconteceu, mas doíam me os nós dos dedos. Assim que me despertasse completamente para o que estava prestes acontecer iria ter com ela. E assim fui. Lá estava ela. Sentada naquele banco velho e triste. O tempo ameaçava nos com uma boa dose de lágrimas e gritos desesperados. Mas avancei, sem medos e receios. “Não podes continuar com isso.” Foi apenas o que conseguir dizer lhe. Ela olhou me com um sorriso trocista. Levantou-se, beijou me a face como Judas terá feito com Cristo e disse: “então é um adeus definitivo. Se não o aceitas, terás de o encarar”. Ela afastou e foi ai que a ameaça se tornou real. Chovia intensamente, os estrondos da trovoada eram gemidos ao que eu realmente ouvia na minha cabeça, a chuva não era capaz de apagar o fogo que me incendiava a mente.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Aconteceu...

Tinha a visão estremecida, enevoada e ainda lacrimejava. O meu corpo cedeu ao cansaço e á dor. Duro era dar um passo. Os nós dos dedos ainda mostravam as marcas da noite passada. A roupa de negro disfarçava, a derrota de horas atrás. Mas nada escondia a mágoa no meu olhar, o peso na minha consciência, o sentimento de revolta.